A transição energética de combustíveis fósseis para fontes mais sustentáveis vai criar novos mercados que guardam oportunidades de investimento. Muito além dos carros elétricos e dos biocombustíveis, há diversos estudos com veículos híbridos – elétrico/etanol, elétrico/gás, veículos com células de combustível a etanol, motorização a hidrogênio e inclusão do diesel verde (HVO) na matriz.
Hoje, ainda não há tecnologias para substituição energética bem definidas no Brasil, os estudos estão pulverizados, o que representa oportunidades: quem conseguir desenvolver o modelo mais aderente à realidade brasileira vai efetivamente liderar este movimento. Construir essa nova matriz requer investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para as motorizações e adaptação dos veículos em si, das linhas de produção, em alguns casos com a adaptação de refinarias, novas unidades de produção de combustível e criação de cadeias de suprimento.
Projeções para as próximas décadas
De acordo com projeções realizadas pela Leggio, a gasolina, para ciclo Otto, deve perder espaço até o final da década de 2030, quando efetivamente começa a ver seu consumo declinar, o que oferece um horizonte de cerca de 15 anos para este processo. Já o ciclo diesel será mais longo, alcançando a década de 2040, o que torna as previsões mais difíceis, mas permite realizar um planejamento melhor.
Na Europa, um dos mercados mais avançados do mundo em relação à transição energética, a substituição do diesel ainda está se iniciando. Grandes fabricantes de caminhões iniciaram as vendas dos primeiros veículos a hidrogênio em 2020, uma tecnologia que ainda não está madura o suficiente para ser considerada uma opção comercial neste momento.
Falta regulamentação
Por outro lado, um dos entraves que ameaçam o desenvolvimento das novas tecnologias é a falta de regulamentação destes produtos, pois sem uma legislação definida, não há como viabilizar investimentos. O Brasil já está atrasado no que diz respeito à regulação. No caso do diesel verde, por exemplo, faz muita diferença saber se esta alternativa poderá substituir o biodiesel, que representa 15% do mercado, ou o próprio diesel, que responde por 85% do consumo. Além disso, a regulação que incentiva a entrada de novas motorizações é bastante limitada. Os investimentos em desenvolvimento de produtos e produção só acontecerão a partir destas definições.
Os biocombustíveis são essenciais durante esta fase de transição energética, mas não são a solução definitiva, pois a mudança de matriz precisa ser mais ampla. No setor de refino, é fundamental que a Petrobras continue com seu programa de desinvestimento, vendendo as refinarias previstas, pois isto vai viabilizar investimentos em novos combustíveis. As refinarias estão investindo para tornar o combustível cada vez mais limpo, como prevê a legislação, com a alteração dos percentuais de resíduos e planejando adequações nas instalações para o processamento de óleos vegetais.
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