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Carros elétricos avançam no mundo; no Brasil, ritmo de crescimento é menor


Um ponto positivo da alta do preço dos combustíveis fósseis – o litro da gasolina acumulou elevação de 40% nos últimos 12 meses, alcançando o valor de R$ 6,71 na média nacional, chegando a R$ 7,49 no Rio de Janeiro – é a retomada do debate sobre veículos movidos a energia elétrica ou mesmo híbridos. Os carros menos poluentes vêm ganhando mercado em diversos países.

Nos Estados Unidos, esta frota de veículos elétricos já conta com 1,6 milhão de unidades em circulação e o presidente americano anunciou recentemente a meta de que carros elétricos e híbridos representem a metade das vendas de veículos no país até 2030. Além da questão ambiental, um dos objetivos do anúncio é incentivar a competição dos EUA com outros países, como a China e nações europeias, que já vêm investindo fortemente no segmento. Em 2020, de acordo com o órgão americano Agência Internacional de Energia, os carros elétricos representaram apenas 2% das vendas totais no país.

Já na Europa – maior mercado de veículos elétricos e híbridos do mundo, seguido pela China – a fatia deste segmento alcançou 10% em 2020. Atualmente, a Comissão Europeia vem debatendo a proposta de proibir a venda de novos carros movidos a gasolina e diesel a partir de 2035, com o objetivo de chegar em 2050 com toda a frota composta por veículos menos poluentes. A meta considera que a vida de um automóvel é de cerca de 15 anos.


No Brasil, os carros elétricos ou híbridos representavam 1% das vendas de novos veículos em 2020. A Leggio Consultoria, especializada em O&G e Infraestrutura, realizou um estudo para entender como este mercado vai evoluir nos próximos 20 anos. Foram traçados três cenários de acordo com a velocidade de crescimento desta categoria: um mais agressivo, um neutro e outro menos agressivo.

Caso o mercado brasileiro adote um ritmo mais lento, em 2030, 0,45% das vendas de novas unidades serão de veículos elétricos e 4,05%, de híbridos, somando 4,5% de ambas as categorias. Ainda neste cenário de avanço menos agressivo, em 2040, a previsão é que 4,5% dos novos carros sejam elétricos e 13%, híbridos – ou seja, 17,5% no total.



Já em um cenário neutro, o Brasil deve alcançar em 2030 0,9% de carros elétricos e 8,1% de híbridos em 2030 – ou 9% no total. Em 2040, seriam 9% de elétricos e 26% de híbridos, somando 35% no total.



O último cenário, de ritmo mais agressivo de penetração dos veículos menos poluentes, a categoria alcança 11,5% de participação – sendo 3% de carros elétricos e 8,5% de híbridos – em 2030. E em 2040, chega à marca de 48% no total, sendo 9,5% de elétricos e 38,5% de híbridos.






O fator essencial que irá determinar o ritmo da expansão desta categoria no Brasil será o custo final ao consumidor. Este custo será determinado por dois componentes principais: a tecnologia utilizada para substituição do motor a combustão e os impostos sobre o veículo. Com relação à tecnologia, a ampliação do uso de veículos híbridos e elétricos poderá aumentar o investimento nestas tecnologias e reduzir os custos de produção de forma a alinhá-los aos veículos a combustão.


Em função das metas existentes para introdução de veículos elétricos e híbridos na União Europeia, espera-se que os preços destes veículos estejam em um patamar competitivo até 2030. Tipicamente a migração de tecnologias do mercado europeu para o Brasil está entre 2 e 5 anos, o que leva nossa expectativa para preços competitivos em termos de produção de veículos para 2032 a 2035. O fator que poderia acelerar este efeito é o incentivo tributário na compra e uso de veículos híbridos e elétricos – a redução de impostos poderia eliminar o sobrecusto da tecnologia utilizada para substituição energética e viabilizar uma introdução mais acelerada destes veículos no Brasil. Para isso, uma mudança na política energética, hoje focada apenas em biocombustíveis, seria necessária, missão que cabe ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Um terceiro ponto a ser mencionado é a infraestrutura e suprimento de insumos para funcionamento das tecnologias de substituição do motor a combustão. Hoje, o Brasil não possui planejamento específico para este tipo de cadeia de suprimento, mesmo porque o foco atual está sobre o uso de biocombustíveis. Este é um outro fator que também poderá impactar na escolha da tecnologia futura a ser adotada. No caso de veículos híbridos, isso seria substancialmente facilitado, dadas as limitações atuais para o suprimento de energia elétrica. Portanto este fator será uma condicionante para a velocidade de introdução de novos veículos, porém não será um fator determinante dadas as diferentes alternativas tecnológicas.

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