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Você sabe o que é um FI Infra? Conheça esses fundos totalmente isentos de IR!


Artigo publicado originalmente no site Investing.com, elaborado por Camila Affonso e Joseph Boukai, do Leggio Group, em parceria com o colunista Carlos Heitor Campani.




Olá, pessoal! Convidei a Camila Affonso, sócia do Leggio Group, e o Joseph Boukai, consultor do Leggio Group, para escrever comigo aqui na coluna. Meu objetivo é trazer cada vez mais assuntos diversos, porém relevantes para investidores em geral. O Leggio Group tem muita experiência e conhecimento no assunto de hoje. Vamos lá?



Um Fundo de Investimentos em Infraestrutura (FI Infra) é um fundo de renda fixa que precisa investir ao menos 85% do seu patrimônio em debêntures incentivadas, de acordo com a lei 12.431/11 de projetos e emissões incentivadas. Essa lei foi criada exatamente para incentivar investimentos em projetos de desenvolvimento de infraestrutura no país. As debêntures incentivadas são títulos de crédito privado que se destinam a financiar projetos de investimento em infraestrutura, tais como projetos de energia, transportes, saneamento, logística, telecomunicações entre outros. Debêntures incentivadas são emitidas por empresas do setor de infraestrutura ou de outros setores, mas que precisam captar recursos financeiros para investir em infraestrutura. Elas se constituem em alternativa extremamente competitiva para a captação de recursos com essa finalidade, o que contribui sobremaneira para viabilizar a realização de projetos de grande porte e, muitas vezes, essenciais para o desenvolvimento de setores-chave da economia e da sociedade como um todo.


Os FI Infra têm como finalidade encarteirar debêntures incentivadas que financiem projetos normalmente de longo prazo com riscos e rentabilidades diferenciadas em comparação a outros investimentos tradicionais, tais como ações e títulos tradicionais de renda fixa por exemplo. Dessa maneira, os FI Infra oferecem aos investidores a possibilidade de diversificar seus portfólios ao investir em empreendimentos de infraestrutura, a maioria esmagadora de grande envergadura e complexidade a ponto de não serem acessíveis a investidores individuais.


Além disso, fundos de investimentos em infraestrutura possuem um benefício fiscal diferenciado: seus cotistas pessoas físicas não pagam nenhum imposto de renda, seja em proventos recebidos, seja na forma de ganho de capital ao vender cotas do fundo a preços maiores do que os preços de compra. Lembre-se que fundos imobiliários são isentos na distribuição de proventos, porém, nesse caso, ganhos de capital são tributados a 20% do lucro.


A importância dos FI Infra e das debêntures incentivadas é notável por alguns motivos. Eles possuem um papel crucial no cenário econômico, desempenhando uma função essencial no desenvolvimento e na modernização do país. Por meio desses fundos, investidores têm a oportunidade de direcionar recursos para projetos de infraestrutura de grande magnitude, projetados para criar um impacto duradouro na sociedade. Através da alocação estratégica de capital em setores diferentes da economia, os FI Infra contribuem diretamente para a construção e manutenção de ativos essenciais que sustentam o crescimento econômico a longo prazo.


Investidores de diferentes perfis, incluindo pessoas físicas, empresas e instituições financeiras, podem participar desses fundos, o que, por sua vez, diversifica a base de investidores e amplia o financiamento disponível para projetos relevantes. Essa democratização do investimento em infraestrutura não apenas beneficia as partes envolvidas, mas também promove o desenvolvimento de áreas com retornos mais equitativos principalmente sob o aspecto social, tendo em vista que, via de regra, se trata de projetos que beneficiam a sociedade como um todo e não apenas as camadas economicamente privilegiadas.


Além disso, os FI Infra atuam como impulsionadores do setor privado, incentivando empresas e empreendedores a assumirem um papel ativo no financiamento, construção e operação de projetos de infraestrutura. Isso alivia a pressão sobre os orçamentos públicos e promove maior eficiência na gestão e operação desses ativos. À medida que o setor privado se envolve, a inovação e a competição tendem a aumentar, resultando em soluções mais eficazes e adaptadas às necessidades em constante evolução da sociedade.


Não se pode subestimar ainda o impacto social positivo dos FI Infra. Esses fundos viabilizam a entrega de serviços essenciais à população, como fornecimento de energia, sistemas de transporte eficientes, saneamento básico e telecomunicações confiáveis. Esses serviços não apenas melhoram a qualidade de vida de toda a sociedade, mas também criam um ambiente favorável para o crescimento econômico sustentável, atraindo investimentos estrangeiros e estimulando o desenvolvimento de setores correlacionados.


De acordo com dados disponibilizados no site da B3 (BVMF:B3SA3), temos atualmente um total de 12 FI Infra listados na bolsa. A lista deles segue abaixo, com nomes e códigos de negociação.




Para análise inicial deste tipo de fundo, é importante avaliar algumas informações e indicadores como: o número de cotistas, patrimônio líquido, liquidez, posição alocada vs. posição em caixa, valor da cota patrimonial vs. valor da cota a mercado, duration e YTM (yield to maturity) médios das debêntures investidas pelo fundo, distribuição histórica de proventos por cota e rentabilidade total histórica. Neste último caso, faz-se mister analisar a série de retornos totais, pois esta incorpora tanto o ganho por proventos distribuídos quanto os ganhos de capital (ou seja, por evolução do preço da cota). Ao se analisar apenas o histórico dos preços da cota do fundo, perde-se toda a rentabilidade oriunda dos proventos pagos, o que torna a análise completamente equivocada. Também cabe mencionar a análise da volatidade desta rentabilidade total histórica, pois esta métrica reflete uma medida da incerteza dos ganhos que o fundo proporcionará. Ao final, não esqueça de comparar a relação risco/retorno do FI Infra analisado com benchmarks de mercado para você ter segurança e melhor entendimento do investimento que você fará.


Em sequência a esta análise, faz-se necessária uma avaliação detalhada dos projetos alocados na carteira do fundo. Nessa etapa de avaliação, algumas informações relevantes devem ser consideradas para se avaliar a saúde financeira, a diversificação e a viabilidade de cada projeto. Alguns exemplos podem ser tipicamente citados:


1. Quantidade de projetos: avaliar o número total de projetos presentes no portfólio do fundo, o que permite avaliar a diversificação do fundo e sua exposição a diferentes setores de infraestrutura.

2. Posição absoluta e relativa: compreender a alocação financeira em reais e em porcentual para cada projeto dentro do portfólio, o que ajuda a identificar os projetos que têm maior peso na carteira do fundo.

3. Indexador atrelado aos projetos: analisar qual índice ou taxa é utilizado como referência para atualizar os retornos dos projetos, permitindo assim avaliar a relação desses projetos com variáveis macroeconômicas.

4. Taxa anual perseguida: examinar a taxa de retorno anual projetada para cada projeto, o que ajuda a avaliar a atratividade financeira do investimento em relação a outros veículos de investimento.

5. Taxa de aquisição e spread de aquisição: considerar as taxas de aquisição cobradas ao investidor e o spread praticado na compra dos projetos, pois isso impacta diretamente a rentabilidade final do investimento.

6. Duration: avaliar o tempo médio que os investidores estarão expostos a cada projeto, o que auxilia na análise da exposição a flutuações nas taxas de juros e a variáveis macroeconômicas ao longo do tempo.

7. Emissor: identificar as empresas ou entidades que emitem os projetos e suas reputações no mercado para se avaliar a qualidade dos emissores e a probabilidade de sucesso dos projetos.

8. Setor: categorizar os projetos em diferentes setores de infraestrutura (energia, transportes, saneamento, logística, telecomunicações etc.) para se analisar a diversificação do portfólio sob a ótica setorial.

9. Rating: verificar o rating de crédito atribuído aos projetos pelos órgãos de avaliação de risco, o que proporciona uma perspectiva sobre a solidez financeira e a capacidade de pagamento dos emissores.


A análise indicada até então neste artigo proporciona um panorama completo sobre a composição do portfólio do fundo e a saúde dos projetos alocados. Além disso, ela possibilita um entendimento mais preciso do potencial de rentabilidade, dos riscos envolvidos e do alinhamento dos projetos com os objetivos de investimento do fundo e seus investidores. Esse nível de detalhamento minucioso na análise é trabalhoso, mas segue o padrão de como investidores profissionais e institucionais fazem. O processo é fundamental para tomar decisões informadas e bem embasadas no contexto do mercado de infraestrutura e dos FI Infra. Cabe ainda ressaltar que, depois da decisão de investimento tomada, deve-se acompanhar periodicamente o fundo. É de praxe neste mercado a produção de relatórios mensais com a atualização dos dados para que cada investidor consiga ter acesso aos resultados obtidos e a eventuais mudanças de rota na estratégia de investimentos do fundo.

Espero que tenham gostado dessa minha parceria com o pessoal do Leggio Group. Fique à vontade para comentar abaixo o que você achou ou mesmo para fazer perguntas. Eu fico muito feliz com isso. Ah, e num futuro próximo, quem sabe não trazemos uma análise completa de um FI Infra para ilustrar tudo o que comentamos aqui? Acharam a ideia boa? Então comentem abaixo! E vamos nos conectar pelas redes sociais @carlosheitorcampani.



* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Certificado pelo CNPI, Pesquisador da Cátedra Brasilprev em Previdência e da ENS – Escola de Negócios e Seguros. Além disso, ele é Diretor Acadêmico da iluminus – Academia de Finanças e Sócio-Fundador da CHC Treinamento e Consultoria.


* Camila Affonso é Sócia do Leggio Group, Diretora do Departamento de Infraestrutura da FIESP, Mestre em Finanças Corporativas pela Université de Bordeaux, Especialista em Finanças pelo COPPEAD/UFRJ, Engenheira de Produção e Matemática pela UFRJ.


*Joseph Boukai é Consultor do Leggio Group, Especialista em Finanças pelo COPPEAD/UFRJ e Engenheiro Químico pela PUC-RJ.



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