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Gestão de estoques e a variação de preços das commodities agrícolas

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    Leggio
  • hace 7 días
  • 4 Min. de lectura


Artigo publicado originalmente no site Valor Investe, elaborado por Camila Affonso sócia do Leggio Group, em parceria com o colunista Carlos Heitor Campani.


Você sabe como as flutuações nos preços das commodities agrícolas influenciam as estratégias de gestão de estoques das empresas?


Bom dia, Pessoal! No artigo de hoje, coescrito novamente com Camila Affonso, sócia do Leggio Group e seu time de consultores, temos como foco a gestão de estoque de commodities agrícolas tendo em vista a constante flutuação de preços observada no mercado internacional. Fatores relevantes que precisam ser considerados neste contexto são naturalmente o custo de estoque, o custo potencial da falta (de produto) e o custo de oportunidade da companhia. Vamos lá?


A volatilidade dos preços das commodities agrícolas é um dos principais desafios enfrentados pelo setor agropecuário. Fatores como clima, políticas econômicas, oscilações cambiais e a dinâmica global de oferta e demanda influenciam diretamente esses preços, tornando a previsibilidade uma tarefa difícil. Em um mercado tão sensível, cada variação pode afetar de forma significativa as margens de lucro, o planejamento e a tomada de decisão das empresas do setor.


Nesse contexto, a gestão de estoques ganha papel estratégico. Ao contrário de outros segmentos, onde o fluxo de entrada e saída de produtos é mais constante, os estoques agrícolas seguem o calendário das safras, com concentração na entrada de estoque em períodos específicos e necessidade de planejamento rigoroso para a sua utilização ao longo do ano.


Isso exige não apenas conhecimento técnico sobre armazenagem e conservação, mas também o uso de ferramentas financeiras, como contratos futuros e opções, para mitigar riscos e garantir maior estabilidade frente às incertezas do mercado.


Como exemplo, podemos citar o impacto da variação do dólar (USD) frente aos preços das commodities produzidas em solo nacional, uma vez que são cotadas na moeda estadunidense no mercado internacional.


Quando o dólar se valoriza frente ao real, as commodities ficam mais baratas para os compradores estrangeiros, aumentando a demanda e elevando os preços. Em contrapartida, quando o dólar se desvaloriza frente ao real, as commodities se tornam mais caras para os compradores internacionais, o que reduz a competitividade e diminui a demanda, pressionando os preços para baixo.


Assim, a flutuação cambial afeta a competitividade e os preços das commodities nacionais no mercado global. Essa relação é ilustrada pelo comportamento dos preços das commodities em dólar americano (USD), como mostrado no gráfico abaixo.


Na B3, commodities como a soja, milho e café são negociadas por meio de contratos futuros, com preços em dólares por saca e liquidação financeira, ou seja, sem entrega física. Esses contratos são usados tanto para proteção contra a variação de preços quanto para especulação, oferecendo vantagens na gestão de risco, acesso ao mercado internacional (espelhados na Bolsa de Chicago) e razoável liquidez. Isso torna esses contratos atrativos para produtores, indústrias e investidores que buscam se proteger (ou se beneficiar) destas oscilações.


Durante períodos de valorização do dólar, observa-se uma tendência de aumento nos preços destas commodities, com exceção da soja, que apresenta comportamentos distintos devido a fatores específicos. Em 2024, o preço da soja caiu devido a uma combinação de fatores. A oferta global aumentou com safras robustas na América do Sul, especialmente no Brasil e na Argentina. A demanda, principalmente da China, mostrou sinais de desaceleração, enquanto o cenário macroeconômico e as políticas sobre biocombustíveis também pressionaram os preços. Esse cenário de oferta elevada e demanda moderada resultou na queda dos preços nos mercados internacionais.


Diante desta volatilidade dos preços, a gestão de estoques torna-se uma estratégia essencial para as empresas do setor agrícola. A variabilidade dos preços das commodities e a incerteza cambial exigem que as empresas adotem estratégias financeiras e operacionais robustas para mitigar os riscos.


O uso de instrumentos financeiros para hedge, como contratos futuros e opções, permite que as empresas se protejam contra variações inesperadas nos preços e nas taxas de câmbio, ao, por exemplo, fixar preços de venda. Essas abordagens proporcionam maior previsibilidade e segurança para as empresas, permitindo que se planejem de forma mais eficiente em relação às oscilações do mercado e minimizem os riscos associados às variáveis exógenas.


Por exemplo, quando os preços estão elevados, as empresas podem optar por reduzir seus estoques para maximizar receitas, aproveitando uma abertura de janela de oportunidade. Em períodos de preços mais baixos, aumentar os estoques pode ser uma estratégia vantajosa, ao adquirir produtos por valores menores com a expectativa de retorno do ciclo.


Essa abordagem permite que as empresas se adaptem às flutuações do mercado e às mudanças nos preços das commodities. Em paralelo, a relação entre estoques e preços das commodities envolve diretamente o conceito de custo de oportunidade. Manter grandes volumes estocados pode significar capital imobilizado que poderia ser usado em outras áreas do negócio.


Ademais, deve-se considerar ainda a parcela de estoque de segurança, mantendo um volume mínimo de produto necessário para cobrir imprevistos, tais como falhas no fornecimento ou aumentos inesperados na demanda. Embora essa estratégia possa envolver custos extras, ela é fundamental para a resiliência da operação e para evitar perdas no caso de desabastecimento.


É possível realizar uma análise através de casos práticos de empresas listadas na bolsa brasileira. Abaixo, apresentamos um gráfico que ilustra o ciclo de estoques e vendas da BrasilAgro (Ticker: AGRO3), uma das principais empresas do setor agropecuário no país.


A BrasilAgro é uma empresa brasileira que se dedica ao plantio e comercialização de produtos agropecuários. Ela adquire e desenvolve propriedades rurais, investindo em tecnologia e práticas agrícolas para otimizar a produção e o retorno financeiro. O gráfico mostra as variações nos níveis de estoque e vendas ao longo dos trimestres, refletindo o impacto direto do calendário agrícola e das estratégias de comercialização adotadas pela empresa.


A análise do comportamento dos estoques e das vendas ao longo dos trimestres evidencia a adoção de uma estratégia comercial pautada no armazenamento da produção e na posterior venda, ligada aos períodos de plantio e colheita dos produtos. Nota-se uma concentração das vendas nos trimestres 3 e 4, em contraste com volumes maiores de estoque no início do ciclo anual.


Em síntese, a gestão estratégica de estoques é fundamental para a competitividade das empresas, especialmente diante da volatilidade dos preços das commodities e flutuações cambiais. A utilização de ferramentas financeiras e práticas operacionais eficientes permitem mitigar riscos e aproveitar oportunidades.


A análise das variações nos preços das commodities e do dólar oferece insights sobre ajustes nas estratégias de compra e estocagem. Adotar uma abordagem analítica e flexível é crucial para garantir a sustentabilidade e a rentabilidade das empresas no mercado global, além de assegurar a resiliência das operações.


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